.... Ela se satisfazia em manter a plateia extática com suas passagens oraculares, assim mesmo, feitas para serem interpretadas da maneira que bem entendêssemos. Poderíamos encher o esqueleto de suas frases com a carne que tivéssemos às mãos, em mente.
.... Ela se expressava como se interpretasse o I ching em um stand up comedy. Das duas sílabas, oito personagens e sessenta e quatro movimentos. Dependendo de quem a ouvisse, ela poderia ser o pai, a mãe ou qualquer um dos seis irmãos (3 meninas e 3 meninos).
.... Ela fazia graça e deixava para que nós da plateia a movimentássemos.
.... A mudança não estava nela, mas no intérprete.
21.12.10
17.12.10
Então. Ela sai da cidade e ruma a um salvador. Empacota tudo, inclusive os filhos. Pronto. Em vez de 300 agora são 1900 e essa é a grande e única diferença, já que ela não passa de um enredo. Existe um nanômetro de concretude, sim, o resto é criação minha, meu próprio monstro discursivo de uma noite clichê de relâmpagos e ecos de igreja. Minha Frank não entende seu criador. O criador não sabe porque a fez, mas se delicia na construção anual. Me beijou? Não. Aceitou um toque? Quase. Ai, preciso de Bach tocado em um órgão tubular no centro de uma cidade gótica prá poder continuar.
16.12.10
13.12.10
Lavra
Destino impossibilidades sem sentido
quaisquer aos ouvidos
Desatino sorvido
redesenhado
e
solto num vento
Fim
7.12.10
__________
Eu trafego na minha contramão. Ofegante. Vou no meu sentido oposto com o objetivo certo e planejado de não chegar nunca no lugar: seja lá ele qual for. Seja ali ela o que for. O importante é sempre estar distraído prá emaranhar-me no próximo novelo sem sentido com o objetivo certo e planejado de, despretensiosamente, não chegar nunca em algum lugar que possa servir de referência. Referências levam a caminhos corretos. Mas, nós, isto é, eu não pretendo chegar. O importante é estar sempre emaranhado prá distrair-me com o próximo novelo e, muito mais importante que todo o resto, é sempre tentar lembrar a cor.
29.11.10
24.11.10
21.11.10
je t'attend là
Arqueou num bocejo conduzido
Pose treinada, internalizada
Perfeição do momento. A mosca sabe
Que será engolida à distância
Golpe único. Ela para as asas
E ajuda.
20.11.10
des.temp.eros ou O Lobo Mau
...
Teus pés. À teus pés. Minha sujeira, minha clareza...
Você não me importa. Eu não sou o que deveria
E nos desencontramos tanto aqui como lá
Teus pés não são como deveriam.
Teus olhos são maiores
Tua boca não deveria ser tanta
Teus seios não dizem nada
Teus pés
Displicentes
Escondem os desejos dos sujos
Ansiedade do impossuído
Foda-se!
Foda-me...
16.11.10
Eu deveria deixar a fúria engatilhada
Eu deveria deixar a fúria engatilhada
Mas não
Vou até o monte mais negro e me encosto
Na árvore mais vermelha
E deixo passar
Vão gatos, aranhas, sapos, lagartos
E vai ela...
Eu deveria deixar a fúria engatilhada
Mas não
Eu só olho...
Párias
Contrária. Pelo avesso da verdade já conheço o cheiro dos lábios. E o gosto do corpo lançado ao chão. Embotado, sem fio. Não há folha que o corteje mais. Hoje, aparelho de sobreviver. Mas nem sempre...
Então como.
9.11.10
Eu tenho pensado em cerejas e gatos..
Todos dizem:
muito além de cute, que eu seja cult, nem que só prá você.
muito além de cute, que eu seja cult, nem que só prá você.
(mãos na cabeça e olhos arregalados)
muito além do cult, que eu seja cute, nem que só prá você.(dança assim e não mostra )
Ela diz:
desconjunta isso, nem que só prá mim.
(lábios transversais e corpo quase solto)
Eu tenho pensado em cerejas e gatos...
8.11.10
5.11.10
conforto
Quem sem pulso?
Só nós, atingidos sem pressa pela mudança das eras.
Só nós em nosso grão apertado pela transformação
Nosso tempo tão só nosso e fugitivo.
Quem sem gravidade sentirá? Quem sem peso sentiu?
Quem sem pulso?
9.9.10
Lembro
Fui escolhido.
Ela mija seu mijo quente e branco,
Ela menstrua seu vermelho filosófico,
Ela sua sua transparência salgada,
E chora frente ao espelho o canto ecoado.
Ri minha
De si de mim numa linha de saudades nos costuramos
À algo.
4.9.10
A prática faz a perfeição
As não-resoluções pendem úmidas em meu longo varal. Não há sol que as seque, nem chuva que as molhe demais. As não-atitudes se esparramam por baixo, garantido que tudo permaneça encharcado. As gotas lentas se estouram no chão para que ele continue irritantemente escorregadio. Não que seja fácil. O cenário é parte de um esforço ou estorvo diário. Afinal a auto-sabotagem depende de uma manutenção meticulosa. Sabotar, danificar, prejudicar, frustrar, lesar, atrapalhar, perturbar, e assim por diante... São ações cheias de obstáculos e tal e outras coisas não tão bonitas. Enfim, a prática faz a perfeição. Sigamos e etc.
21.8.10
10.8.10
Muros e folhas
Criávamos mundos em águas rasas. Murados em círculos de gravetos, ornados com folhas secas. Sendo hierofanias, não agiríamos diferente. Não poderíamos. Então criávamos mentes em águas profundas. Muradas em malhas grossas, torcidas em camadas. Depois conversamos... Ou então conversamos antes, já que a direção do tempo não faz sentido, nem mesmo o espaço em que os mundos são formados. Ou, na verdade, nem conversávamos porque aparições não têm voz e as criações eram aventuras abstratas. Inextensões de cosia alguma e nada mais. Mente nenhuma.
31.7.10
27.7.10
Psicopop
Exceto as obsessões e as patologias, o amor é uma escolha construído pela cadeia de outras escolhas e percepções passadas e exercida hoje. É uma construção subjetiva a respeito do outro e uma espera de que o outro também construa. Não é a espera de uma aparição mágica que fará o corpo tremer em febre.
25.7.10
AMOR
Nada continua a acontecer – incessantemente – e um insuportável ar sensual convence as velas a se apagarem, desobstruindo a pequena clareira de escuridão em que os sorrisos ironizam-se uns aos outros. Negrume úmido e perfumado: simultâneo ponto de partida e de chegada.
14.7.10
13.7.10
12.7.10
desjejum valsejado
desjejum valsejado lentamente
náusea da oscilação
solavancos sempre em sentidos opostos
nas correias vacilantes
inequilibráveis
um laranja-avermelhado quebradiço
ajustando-se para explodir
ele te adoraria
náusea da oscilação
solavancos sempre em sentidos opostos
nas correias vacilantes
inequilibráveis
um laranja-avermelhado quebradiço
ajustando-se para explodir
ele te adoraria
22.6.10
7.6.10
10.5.10
Sensibilidade
Tô sensível
Não é a audição nem a visão
Não o paladar ou o tato
Não, não é o olfato
É o Tao. A porra do coração metafórico
Localizado em lugar nenhum
E em todo o corpo
Tudo agora!
Não é a audição nem a visão
Não o paladar ou o tato
Não, não é o olfato
É o Tao. A porra do coração metafórico
Localizado em lugar nenhum
E em todo o corpo
Tudo agora!
30.4.10
O que eu sentia eu perco
O que eu sentia eu perco, não você. Na saudades de mim eu recolheria pontas e esferas. Desejos e crenças. Temi porque não queria o que foi mas acreditava no que era. Esqueci e dancei entre pontas e esferas. Dancei incógnito, escondido no vapor do álcool. Tune in. Aumente o som, enquanto os mil braços estagnados em quadros estroboscópicos garantem uma lógica macia à individualidade liquefeita. Move, já que eu perco só o que eu sentia.
29.4.10
Tune it on.
Sou turno do sono,
So turn on the sound.
Soltar não dá sau-
dades do que foi,
So turn on the sound.
Saltando onde sal-
vo a pele do fim.
So turn on the sound.
Soltar não dá sau-
dades do que foi,
So turn on the sound.
Saltando onde sal-
vo a pele do fim.
20.4.10
23.3.10
.
Eu ainda te carregaria no colo
Como se tivesse 6, como fizesse 100.
Os um dia teus Camões e Eças nos meus braços
Ventam uma sobra ,
Sopro do corpo consciente,
Último fôlego, último sonho
Da tua imensurável vontade de ficar,
De levantar mais uma vez e mais outra -
Pés no chão mais do que prometia a própria força.
Os passos aviltavam, a cabeça não. Sempre.
Até o momento em que ...
Não vi ali herói. Vi o homem.
Sentiu, sonhou, cresceu, caiu, foi,
Errou: viveu.
06.02.1923 - 23.03.2010
Como se tivesse 6, como fizesse 100.
Os um dia teus Camões e Eças nos meus braços
Ventam uma sobra ,
Sopro do corpo consciente,
Último fôlego, último sonho
Da tua imensurável vontade de ficar,
De levantar mais uma vez e mais outra -
Pés no chão mais do que prometia a própria força.
Os passos aviltavam, a cabeça não. Sempre.
Até o momento em que ...
Não vi ali herói. Vi o homem.
Sentiu, sonhou, cresceu, caiu, foi,
Errou: viveu.
06.02.1923 - 23.03.2010
15.3.10
14.3.10
12.3.10
qua
É só uma semente de pensamento
Uma coisa ridícula
Pequena
Nada
Nada lento
Pra cá e pra lá
Pra cá e pra lá
Vai ganhando peso
Vai se multiplicando em
vários e tortuosos pensamentos
Vai Fazendo ligações e interligações reais
Ou não. Na verdade nem importa como virou essa grande agenda...
Tão pouco. Mas nesse pouco seus movimentos próprios não querem mais gatilhos. Dividiram-no em tantos ramos e conjuntos disparates que não se sabe mais de onde. Não há mais espaço entre a demência surda vinda de um nadinha e ele ou ela mesmo ou mesma.
Uma coisa ridícula
Pequena
Nada
Nada lento
Pra cá e pra lá
Pra cá e pra lá
Vai ganhando peso
Vai se multiplicando em
vários e tortuosos pensamentos
Vai Fazendo ligações e interligações reais
Ou não. Na verdade nem importa como virou essa grande agenda...
Tão pouco. Mas nesse pouco seus movimentos próprios não querem mais gatilhos. Dividiram-no em tantos ramos e conjuntos disparates que não se sabe mais de onde. Não há mais espaço entre a demência surda vinda de um nadinha e ele ou ela mesmo ou mesma.
8.3.10
Um bocado
O mundo inteiro,
Seu corpo. Um
Emaranhado de ambientes
E sentimentos.
O mundo todo
Se percebe no seu corpo -
Mais que a soma
Cada milímetro vivo
Do empenho de ser
O universo
Num fragmento.
Seu corpo. Um
Emaranhado de ambientes
E sentimentos.
O mundo todo
Se percebe no seu corpo -
Mais que a soma
Cada milímetro vivo
Do empenho de ser
O universo
Num fragmento.
19.2.10
14.2.10
Anger angel
Ao enfurecer da tarde, fecham-se os cruzamentos todos
Cuspidos da insanidade coletiva da instabilidade
Disseminada da gênese desagregada
Fecham-se as vias
Ao suportar da noite
O arregalo dos olhos que não compreendem
Despem o concreto em torno do asfalto
Reviram-se sem suporte num esforço inútil
Nenhum caminho conduz
Ninguém passa por lá
Ao amargor-na-boca da manhã
Na palidez não existem mais cruzamentos
Fecham-se as veias.
Ali! Só as teias.
Cuspidos da insanidade coletiva da instabilidade
Disseminada da gênese desagregada
Fecham-se as vias
Ao suportar da noite
O arregalo dos olhos que não compreendem
Despem o concreto em torno do asfalto
Reviram-se sem suporte num esforço inútil
Nenhum caminho conduz
Ninguém passa por lá
Ao amargor-na-boca da manhã
Na palidez não existem mais cruzamentos
Fecham-se as veias.
Ali! Só as teias.
13.2.10
11.2.10
As pessoas mais bonitas!
Revolvendo e mexendo, fuçando. Riscam túneis no tempo. Rascunham lado a lado pontos indeparáveis. No início era o olhar... Pontos e vistas.
20.1.10
chavão #3 O sol
--- ---
Molestando o dia
O sol sempre nascente
Nunca morre: se põe
(Também eu)
Admoestado pela tarde
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