12.9.11

Eu entre rios
você entre lagos
do outro lado daqui


o trêm faz escalas de sopro
e lá eu vejo
cavalos e carros velozes


do outro lado do rio
você entre lagos
já já chego aí

1.9.11

sim, foi bem o que eu quis dizer... mas...


interrompido em cada turno
desentendendo definições
para entrançar o desejo
nada parcial
na trama irrefletida
da voracidade

19.8.11

Até um fim

vento muito vento na tentativa de aguilhoar o mundo
num clic
com olhos de lobo mau
dentro muito dentro sem esforço provocando ócio
com dentes de guará
glutão do tempo sem motivo

26.7.11

a cabeça lançada para trás
deixa com que os ombros ondulem
as pernas, uma e outra, chutam delicadamente
o ar
lançando-se ao nada até a obrigação da volta
o sorriso cala a dificuldade...

17.3.11

Anagramas

Como posso te amar
aroma,
ramoso tempo, caos,
se tomo composto crasso poema?


Como eu te amaria
meio me acatar ou
atacar o meu meio?


Dispenso o pensamento,
menina, desse pós-ponto.

23.2.11

Contraponto

(aos 11 meses depois de sua morte)
(ao meu presente-futuro) 
(a você)
Pela coisa estabelecida
Pelo som, mesmo que articulado, incompreensível
Aqui permanecemos em nossa assembleia de destroços
Em reunião desierarquizada de ações
Nossa compilação de congressos
Desmembrados
Rasos em meio a uma profundidade de certezas
Em mato rareado
Há o ruído do orvalhar

16.2.11

Sendo:

a) S um espaçotempo real;
b) X, Y pertencem a S.
c) E=X união Y

Então:

A frequência em S do evento E determina a realidade do sistema A.

ou

A é sistema de propriedades emergentes determinados por E e sua frequência em S.

As propriedades individuais de X e Y são diferentes das propriedades emergentes do Sistema A.

14.2.11

Meu amigo,
Já não te reconheço mais. Mande notícias.
Abraço,
Daniel.

1.2.11

Da janela do meu vagão

Pela janela do meu vagão
não alcanço a passagem rápida
por mim dessa sua paisagem
curvada.


Da minha cabine retorcida
feita a ferro e martelo
gozo e ócio
sou afetado pela luz sinuosa
de suas variáveis (ilusão do não-volátil)

fixo os olhos!


Desenho: View from a Carriage Window  - František Kupka (Czech, 1871-1957)

20.1.11

Comprei alguns restos para a reconstrução. Antes era fácil juntar dois pedaços de coisas e fazer algo. Fácil demais.  Coisa qualquer. No dia que eu escolhesse. Como dissipo  quando já não cabe mais sujeira embaixo do meu tapete?



Katsushika Hokusai -  A Onda

17.1.11

Havia... há destroços

Havia... há destroços
dos pequenos acidentes
que o perseguem
sempre em tom 
de declaração de guerra
esparramados em torno


Georgia O'keeffe - Pelvis with a distance 

4.1.11

Numa noite

Numa noite de iniciantes
Eu, pedante, te mostro as estrelas
Vinho em copo de água
Você me apresenta o mundo