24.1.12

Um dia

Pedro pensou que poderia esperar mais um pouco, pois faltava um bom tempo ainda para que os acontecimentos se desdobrassem. Não que ele soubesse disso. O pensamento em esperar mais apareceu sem nenhuma razão. Esperar um pouco mais só parecia bem razoável. E porque não? Afinal já tinha terminado seu trabalho e poderia parar e fazer nada por um tempo. Ficar imóvel enquanto o tempo passa desapercebidamente. Pedro e a espera, o pensamento e o tempo.
 

Nada, absolutamente nada aconteceu nesse espaço de horas. Nenhum pensamento, nenhuma mosca, nada que perturbasse a evolução de um dia como aquele. Um dia que terminaria com o barulho sutil do desenrolar dos fatos: velhos senhores que se espreguiçariam, sentindo o empurrar das causas no barulho de suas juntas. Estendendo-se para o dia seguinte e para o resto da vida, transformados em consequências e bifurcações.