23.3.10

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Eu ainda te carregaria no colo
Como se tivesse 6, como fizesse 100.
Os um dia teus Camões e Eças nos meus braços
Ventam uma sobra ,
Sopro do corpo consciente,
Último fôlego, último sonho
Da tua imensurável vontade de ficar,
De levantar mais uma vez e mais outra -
Pés no chão mais do que prometia a própria força.
Os passos aviltavam, a cabeça não. Sempre.
Até o momento em que ...

Não vi ali herói. Vi o homem.
Sentiu, sonhou, cresceu, caiu, foi,
Errou: viveu.

06.02.1923 - 23.03.2010

15.3.10

tique taque
tique taque
tique trainque
...
tique taque
tique taque

um fim ali um começo aqui
uma cama asséptica de se ir
uma cama viva de chegar

entre as duas, nós.

tique taque
tique taque...

14.3.10

Prá onde agora senão pro caminho de sempre.
Leva um tempo prá acostumar a desaperceber-se
um tempo que não interessa mais

12.3.10

qua

É só uma semente de pensamento
Uma coisa ridícula
Pequena
Nada
Nada lento
Pra cá e pra lá
Pra cá e pra lá
Vai ganhando peso
Vai se multiplicando em
vários e tortuosos pensamentos
Vai Fazendo ligações e interligações reais
Ou não. Na verdade nem importa como virou essa grande agenda...
Tão pouco. Mas nesse pouco seus movimentos próprios não querem mais gatilhos. Dividiram-no em tantos ramos e conjuntos disparates que não se sabe mais de onde. Não há mais espaço entre a demência surda vinda de um nadinha e ele ou ela mesmo ou mesma.

8.3.10

Um bocado

O mundo inteiro,
Seu corpo. Um
Emaranhado de ambientes
E sentimentos.
O mundo todo
Se percebe no seu corpo -
Mais que a soma
Cada milímetro vivo
Do empenho de ser
O universo
Num fragmento.